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CHÃO DO MAR

2018/2019

Instalação - Desenho a base de nanquim, pedras e esmalte

Dimensões variadas

“Dentro do mar tem rio”, ou o mar velho que por aqui passou... As pedras guardam memórias de um mar que inundou o sertão. Mar primitivo que deixou salgado e seco o solo nordestino. Volta e meia, a chuva vem, com suas doces gotas de água doce, deixando menos árida a terra; traz um ar de alento, de vivacidade, que, por meio das árvores verdejantes, flores e frutos, dissemina vida, beleza e fartura pelo semiárido nordestino, em festejos / agradecimentos. O mar há muito tempo deixou o sertão; ou secou, mas nunca de fato o deixou. Há ainda sal, há ainda mar no chão — uma água meio salgada, meio doce; salobra. Mas há também rios. O Velho Chico rasga o sertão como uma serpente líquida, cria encostas e oásis pelo semiárido da caatinga e fornece poesias. O mar se foi, e hoje o rio recua. Nesse leito mirrado, que pouco a pouco vem sendo degradado, seixos rolam há milhares de anos; já foram de mar e hoje são de rio, pedras que guardam as memórias das águas, doces e salgadas. “Chão do mar” é resultado dessas deambulações, coletas e observações do leito do rio seco. As pedras chegaram como espíritos imortalizados, fossilizados, aprisionados na camada dura da forma endurecida, e reverberam estórias, traçadas e desenhadas em pedras que narram o surgimento da vida terrestre, de seres primitivos que por aqui já viveram. Vida que começa no mar, vai para o rio e fica gravada nas pedras do chão.

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